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NA BOCA DA INFORMAÇÃO

No final dos anos 90, o sociólogo catalão Manuel Castells publicou uma densa trilogia intitulada “A Era da Informação”, obra essa que me impressionou muito quando a li, também, na última década do milênio passado.   Mas não é a respeito desta obra em particular, do referido sociólogo, nem a respeito de outras de sua lavra que pretendo assuntar nessa escrevinhada, mas sim, procurarei me restringir a um tema mais modesto que, penso eu, cabe direitinho na caçamba do meu caminhãozinho de ideias. No caso, é a noção mesma de “informar”.   Hoje, para todos os lados que voltamos nossas vistas, lá encontramos alguém falando pelos cotovelos a respeito da “era da informação” e que, diante do avassalador poder de manipulação da grande mídia, e frente a maré das chamadas “Fake News”, seria um absurdo continuarmos a nos referir à presente página da história da humanidade com esta alcunha e que, o mais apropriado seria chamarmos o nosso tempo de “era da desinformação” ou, como alguns preferem, “era d

REFLEXÕES E APONTAMENTOS INOPORTUNOS (p. 04)

A CNBB do B se esforça, como se esforça, para escandalizar os fiéis de todos os tempos para, forçosamente, parecer agradável aos infiéis, de todos os matizes, do tempo presente e, ao que tudo indica, ela não parará tão cedo de trilhar por essa escandalosa vibe nem um pouco apostólica. #   #   # A grande mídia, há um bom tempo, não faz mais jornalismo; ela faz apenas e tão somente, uma miserável assessoria, relativamente eficaz, de manobra da opinião pública. #   #   # A inteligência pode até ser artificial, mas a burrice é sempre, e sempre será, destrambelhadamente humana. #   #   # Não confundamos curiosidade intelectual, que é algo fundamental, com indiscrição de janeleiro, que é um trem pra lá de imoral. #   #   # A ficção é uma forma elegante de se dizer uma verdade inconveniente, ou de descomplicar uma obviedade de difícil digestão. #   #   # Nem toda obra literária é uma obra de literatura fantástica, mas toda literatura é maravilhosa e, sua leitura, é um trem fantástico. #   # 

QUASE POESIA (p. 06)

# 037   Quando a chuva, matreira, Se derrama nas folhas altivas, Da imponente castanheira, De forma intensa e amiga, No âmago da alma envelhecida, Abre-se uma amistosa clareira, De luz cristalina, curativa, E, de uma singular maneira, Lava as antigas feridas Que foram adquiridas De forma dura e fria, Ou de forma despercebida, Com o passar das noites e dias, Entre lágrimas e alegrias.   # 038   Fugir da verdade É viver a vida Pela metade.   # 039   O estudo pode até Na vida, não ser tudo, Mas viver a vida Desdenhando O dito-cujo, É o trem pra lá De estúpido.   # 040   A grande mídia É uma farsa Uma piada infame E sem graça.   # 041   A poesia não é E nunca será Uma coisa útil Ou algo que o valha E, por isso mesmo, Por sua inutilidade Sem igual Ela sempre foi E para sempre será Algo fundamental.   # 042   De um modo geral Os titulares do poder Com sua cara de pau E sem a menor moral Que amam ficar Três por quatro Praticando o mal Com todos e com tudo Não são, na real, Os sujeitos Que gov

A ROCHA DO SEPULCRO ROLOU

É correto pagarmos tributos a César? Todos conhecemos essa perguntinha, pra lá de maliciosa, que se faz presente no Evangelho de São Matheus, como também conhecemos muito bem a resposta que foi dada por Cristo e, a resposta, curta e grossa, feito joelho destroncado, nos convida para dissiparmos as várias camadas de sombras que envolvem e, em certa medida, asfixiam o nosso coração.   O Filho de Davi disse, mostrando a todos a face do bicho velho togado na moeda, que devemos dar a César o que é dele, e a Deus o que lhe pertence. Mas, o que pertence a Deus que tem o rosto Dele impresso? Nós, amigo leitor. Lembremos, e nunca nos esqueçamos, que o Altíssimo nos fez a sua imagem e semelhança.   Infelizmente, não são poucas as vezes que acabamos nos esquecendo disso e, sem nos darmos conta, entregamo-nos de corpo e alma aos poderes pútridos deste mundo, oferecendo o que há de mais elevado em nós para ser distorcido, mutilado e agrilhoado pelas ideias, valores, ideologias, projetos e planos de

O RONRONAR MANHOSO DO GATO MALHADO

Umberto Eco, em sua obra “Cinco escritos morais”, nos chama a atenção para uma questão que, ainda nos dias atuais, se faz presente sobre a mesa da opinião pública e dos botecos, que é a tal da tolerância e, de cara, o finado escritor italiano, sem dó, coloca o dedo na ferida, quando diz que para sermos realmente tolerantes, deveríamos compreender que existem muitíssimas coisas que são intoleráveis, inclusive e principalmente, em nós mesmos, que nos consideramos, assim, a “cada escarrada do bem”.   Sim, eu sei, abunda no mundo atual o número de pessoas que quer parecer fofa, fofíssima, a todos os olhares midiáticos, e que fazem questão de dizer que estão de braços abertos, feito um personagem do desenho animado “ursinhos carinhos”, para abraçar a todos, sem discriminação, no dia intergaláctico do abraço e da amizade.   Mas, aí vem a pergunta que não quer calar: é possível abraçarmos, com a mesma reverência e consideração, um integrante da Toca de Assis e um entusiasta fervoroso de Josep

REFLEXÕES E APONTAMENTOS INOPORTUNOS (p. 03)

É muito, muito importante conhecermos razoavelmente bem a obra de um filósofo, de um escritor, ou de qualquer espécime dessa seleta fauna; mas, conhecer a vida de algumas dessas figuras, com alguma profundidade, é algo imprescindível para compreendermos o quanto de suor, sangue e lágrimas é necessário derramar para se produzir uma obra que não é feita com argamassa, que não aumenta os dígitos de uma conta bancária e que, por isso mesmo, é de um valor inestimável.   #   #   #   Quem muito se ufana de ser detentor de uma “mentalidade pragmática”, no fundo e na real, não passa de um medíocre envergonhado e, por isso mesmo, incapaz de qualquer idealismo, por mirrado que seja.   #   #   #   O talento pode até, em certos ambientes, ser inspirador, mas a mediocridade, infelizmente, em nossa sociedade, é tremendamente contagiosa e ofusca o brilho de qualquer alma minimamente talentosa.   #   #   #   Aprender a lidar com as nossas contradições é o primeiro passo que deve

QUATORZE DE MARÇO

 Num certo dia, num lugar Próximo a uma lagoa antiga De plácidas águas de alegria Ciosas para refletir o luar Que viria após o crepúsculo Da tarde que se ia devagar Para alegremente saudar Uma gentil alma de luz solar Que viria a este mundo habitar. Me lembro bem, como me lembro, Foi a muito, num mês de março, Que essa menininha morena De cabelinhos bem cacheados Nasceu para tornar tudo encantado. Todos os dias, cada um deles, Não apenas e tão somente este O décimo quarto, do mês de março, Em que comemoramos o aniversário, Da minha amada filhinha, A linda e doce menininha De cabelos cacheados.