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DIÁRIO DE INSIGNIFICÂNCIAS E INCONGRUÊNCIAS (p. 19)

Quando os usos da lei são infames, é um tributo à vilania acatar as iniquidades feitas em nome da sua letra equânime.   #   #   #   A letra da lei torna-se morta e pútrida quando a tirania passa a falar em seu nome.   #   #   #   Se não podemos questionar publicamente uma decisão, tomada por qualquer um dos poderes constituídos, é porque não mais vivemos numa sociedade aberta, mas sim, numa tirania porcamente fantasiada de democracia.   #   #   #   Se não mais podemos praticar o sacrossanto esporte de criticar os poderosos da nação, é sinal de que a liberdade de expressão já era e, deste modo, cedo ou tarde, a democracia acabará sendo reduzida a apenas uma palavra bonitinha para legitimar uma vil tirania.   #   #   #   Quando os interesses de um grupo são o critério básico para limitar a liberdade de associação, de manifestação e de opinião, é porque, bem provavelmente, o que se convencionou chamar de Estado Democrático está tornando-se, apenas e tão somente, uma distopia totalitária m

PARA LUTARMOS O BOM COMBATE

Há uma história sobre um soldado, que lutou na Segunda Guerra Mundial e que, logo após ter chego ao teatro de operações, vivia apavorado, petrificado pelo medo de ter sua vida ceifada nos combates.   Com o tempo, esse soldado agrilhoado pelo medo, veio a ser um dos mais bravos combatentes da sua companhia e, essa transubstanciação da água para o vinho, deveu-se a um conselho que lhe foi dado por um dos seus irmãos de armas.   Conta-nos ele que havia um homem de meia-idade que sempre estava tranquilo, atendo as demandas dos demais e, aparentemente, sempre estava pronto para marchar pelo vale da sombra da morte.   Diante de tal exemplo de destemor, o jovem foi ter um dedo de prosa com ele, perguntando-lhe como ele era capaz de manter-se tão tranquilo diante da iminência de entrarem em combate e serem mortos.   O homem, com a mesma tranquilidade de sempre, disse-lhe que havia desistido de voltar vivo para casa. Ele esperava apenas lutar com bravura indômita para defender a liberdade contr

DIÁRIO DE INSIGNIFICÂNCIAS E INCONGRUÊNCIAS (p. 18)

A liberdade tem um preço que é todo seu, e a tirania tem um custo que é todo nosso.   #   #   #   Se não nos esforçamos para sermos vigilantes é porque preferimos viver sendo vigiados.   #   #   #   De acordo com a lógica, depois do ‘L’ ter sido feito, não tem mais jeito: está feita a senhora de uma ‘M’, uma ‘M’ pra ninguém botar defeito.   #   #   #   Nunca nos esqueçamos que gargalhadas, risos e risadinhas, manifestos de forma graciosa, dissimulada e inconstante, são a expressão mais elevada e sapiente que se pode esperar de cabecinhas de vento, onde reina a lógica do baixo meretrício ideológico, sem a menor compostura ou comedimento.   #   #   #   Não temamos o desgosto modesto que nossas palavras possam suscitar. Temamos, sim, a moderação excessiva na defesa da verdade que, com certeza, irá nos degradar.   #   #   #   Pior que o canalha orgulhoso é o indiferente pomposo.   #   #   #   Sem constância não há república. Sem honra não há cidadania. Sem isso há apenas caos. Caos devidam

A LUZ QUE NUNCA SE APAGA

Há momentos em que tudo à nossa volta parece conspirar contra. Nessas ocasiões temos a impressão de que o ar perdeu a sua leveza natural, que a luz ao invés de clarear a nossa vista, apenas ofusca o nosso olhar, levando-nos a cair de cara no lamaçal das lamentações que passa a se formar em nosso coração.   Caímos nesse pântano de lamúrias porque, bem provavelmente, depositamos nossas esperanças num ídolo oco e frágil. Ídolo esse que, como todos os demais ídolos, tem pés de barro e, cedo ou tarde, acaba desabando e termina por levar junto um tanto do nosso ânimo.   Esperamos, frequentemente, ver a realização dos nossos anseios e bem como a perpetuação dos nossos contentamentos e, tais desejos, sejamos francos, até podem ser justos, porém, quando depositamos todo o nosso senso de realização na obtenção e manutenção desses bens, quando os colocamos no centro de nossa vida, sem nos darmos conta, acabamos por transformá-los em ídolos.   Então, é justamente aí que a porca torce o rabo filoso

MUITO MAIS QUE UMA PALAVRA BONITINHA

A liberdade é um tesouro que deve ser conquistado por nós e, conquistando-a, devemos zelar por ela, pois a vilania, a tirania e seus asseclas, sempre estão espreitando sua morada, nossa alma, para usurpá-la.   Para sermos vigilantes e defendermos com unhas e dentes a nossa liberdade, é imprescindível que sejamos disciplinados.   Por mais esquisito que possa parecer aos moucos ouvidos modernosos, a disciplina é o fundamento da liberdade. Sem ela, a liberdade não é nada e, em alguns casos, menos que isso.   Quando não procuramos cingir o nosso passo pela régua da autodisciplina, devidamente edificada a partir de uma sólida base religiosa, tudo em nossa sociedade e, consequentemente, em nossa vida, começa a desandar, como bem nos lembra João Camilo de Oliveira Torres.   E é desse jeito porque, na inexistência do autogoverno da nossa vida, nós passamos a ser tiranizados pelos nossos desejos desordenados que, para a nossa infelicidade, sempre estão sendo instrumentalizados por terceiros par

MUITO ALÉM DA CRITICIDADE PUERIL

Cada um se serve de um tanto de presunção. Alguns mais, outros menos, mas não tem que escape dessa triste inclinação que habita o nosso coração pra lá de peludo.   De todas as crises de arrogância que, vez por outra, nós caímos, provavelmente a mais feroz é aquela onde nós dizemos para nós mesmos - e depois repetimos para quem estiver por perto – que as pessoas precisam aprender a pensar.   É doído isso porque, quando afirmamos que os outros precisam aprender a usar suas moringas pensantes, estamos partindo do pressuposto de que nós sabemos fazê-lo melhor do que todos.   E o pior de tudo é que se partimos desse pressuposto, bem provavelmente, nunca paramos para refletir de forma arguta a respeito da maneira como procedemos com nossas matutações cerebrinas.   Por essa razão, e por muitas outras, tenho pavor dessa conversa mole de querer ensinar os outros a pensar. Qualquer um que diga isso, nunca parou para considerar que o ato de pensar é tão espontâneo em nós quanto o são os atos de r

O CÍRCULO DE FERRO

Somos ligeiros para apontar os males que perambulam por esse mundo e que azucrinam a vida de todos, especialmente a nossa, porém, somos lerdos, de dar raiva, em tentarmos ser bons. Bah! E como somos devagar.   Então, só pra variar, podemos fazer um voto conosco e procurarmos não mais ficar reclamando, murmurando, lamentando, se queixando, praguejando, exigindo isso, aquilo e assim por diante.   Nos esforcemos para ser pacientes com todos, conosco mesmo e, principalmente, com aqueles que estão na nossa lista maldita.   Sim, eu sei, todos nós sabemos muito bem que ter paciência é um trem pra lá de difícil e, por isso mesmo, é tão urgente e necessário se, realmente, almejamos corrigir nosso modo de ser que, sejamos francos, é uma bela de uma porcaria.   Para começar, de um modo geral, todos nós esperamos que os outros deem o primeiro passo para tornarem-se, como direi, figurinhas não tão ruins; raramente cogitamos a opção de nós darmos início a essa discretíssima movimentação.   E não que