Machado de Assis disseca a alma brasileira de forma cirúrgica, revelando a mediocridade e as mesquinharias do nosso dia a dia. Todo aquele que costuma deitar as vistas nas páginas deixadas pelo Bruxo do Cosme Velho sabe muito bem do que estou falando. De todas as suas obras, creio que “A teoria do medalhão” é um verdadeiro soco no estômago, onde, de forma cáustica, o autor toca numa terrível ferida purulenta que há muito se faz presente na alma brasileira: essa mania, essa vergonhosa feiura de confundir afetação com notoriedade. Um bom exemplo desse tipo de impostura é a pose que muitos adotam para aparentar profundidade em seus colóquios flácidos, insinuando que todo aquele que ousar discordar de seus palpites deveria, antes de qualquer coisa, estudar história. Pois é, sempre ela, a história. Sim, todos nós deveríamos estuda-la mais e, se o fizéssemos, compreenderíamos rapidamente o quão pouco sabemos, mesmo nos dedicando muito a ela. De quebra, notaríamos também o quão inócuas e vazi...