Durante milênios as pessoas viveram suas vidas, bem ou mal, sem a volúpia de estarem diariamente se alimentando dos dejetos noticiosos desejados evacuados por monstrengos como a grande imprensa e a mídia nanica (que não é tão nanica assim).
E nós acreditamos que somos safos, muito safos, muito críticos por estarmos acompanhando tudo o que nos é apresentado com o rótulo de notícia, informação e “conteúdos”, um nome fofo dado pelos bruxos do marketing digital.
Por alimentarmos essa presunçosa esperteza em nosso peito, não nos tocamos que estamos cada vez mais reféns dessa estrovenga.
E por estarmos com a cabeça cheia de informações com hálito de noite mal dormida, cremos que esse vozerio todo em nossa cuca seria a nossa própria voz.
Na verdade, bem na verdade, de tanto nos empanturrarmos com informações, acabamos por cultivar em nosso íntimo uma certa “surdez” brutal frente a voz da nossa consciência, justamente por confundirmos essa algazarra toda que nos habita com aquilo que deveria ser a nossa atitude reflexiva.
Se nós não procuramos controlar o fluxo de informações que deglutimos, se persistimos em consumir “conteúdos” de forma conspícua e sem a menor cerimônia, nós não encontraremos tempo para refletir.
Aliás, meditar e refletir seriam operações similares à digestão dos alimentos e a absorção dos nutrientes.
Já parou pra pensar como seria a nossa nutrição se comecemos, sem o menor critério, a qualquer hora e, digamos, de maneira quase que ininterrupta? Pois é, meu caro Darth Vader, o trem não seria nem um pouco bonito, da mesma forma que não o é frente ao modo frenético e histriônico que consumimos as notícias e “conteúdos” que são despejados diariamente em nosso bandejão mental.
A diferença é que percebemos, com relativa clareza, os efeitos da má alimentação em nossa saúde física, já no caso da gulodice informacional, os seus efeitos em nosso discernimento, e na nossa saúde mental e espiritual, não são assim tão tangíveis, principalmente porque esses bens são daqueles que quanto mais perdemos, menos falta sentimos, infelizmente.
Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela
https://sites.google.com/view/zanela
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