Pular para o conteúdo principal

DIÁRIO DE INSIGNIFICÂNCIAS E INCONGRUÊNCIAS (p. 23)

Quando estamos envolvidos em uma disputa política, com todos os conflitos que lhe cabem, nós não medimos esforços para nos destruir uns aos outros. É um trem lindo - e doido - de se ver.

 

Agora, quando estamos entregues ao remanso das banalidades nossas de cada dia, acabamos por nos empenhar pacas para destruirmos a nós mesmos, de fio a pavio, por inteiro. Bah! Que bosta.

 

#   #   #

 

Não precisamos de um monte de equipamentos modernosos para sermos civilizados. Mas conseguimos, com muita facilidade, nos bestializar estando munidos com um punhado desses modernosos equipamentos que tanto idolatramos.

 

#   #   #

 

Se não sabemos conversar com alguém, olhando bem nos seus olhos, sem sermos agressivos, nós estamos, literalmente, mais próximos da barbárie do que podemos imaginar.

 

#   #   #

 

É muito perigoso quando um grupo, maquiavelicamente, passa a rotular a torto e a direito, todos aqueles que não rezam de acordo com a cartilha do seu credo ideológico, que não caminham conforme a sua agenda política, como sendo supostos autores de “atos antidemocráticos”. Repito: isso é muito perigoso. Todas as vezes que algum grupo procurou estigmatizar alguém, com sendo “anti-isso”, ou “anti-aquilo”, é porque esse grupo estava com um baita tesão totalitário e doidinho para saciá-lo tiranicamente.

 

#   #   #

 

Somente uma alma sebosa não treme de indignação diante da fala da Bárbara Destefani junto à Comissão do Senado Federal. Somente um canalha invertebrado é capaz de regozijar diante da injustiça que ela, e muitos outros, vem sofrendo em nosso país.

 

#   #   #

 

Quando um narcotraficante, ou um mafioso político, ou um criminoso de qualquer naipe, podem contar com incontáveis garantias constitucionais - e, ainda por cima, com um bom tanto de empatia e bons sentimentos - que, frequentemente, são cinicamente negados aos cidadãos comuns, que apenas dizem o que pensam, é sinal de que já estamos vivendo dentro do admirável mundo, nem um pouco novo, da descarada arbitrariedade institucionalizada. Só não percebe essa obviedade ululante quem realmente não quer ver e, infelizmente, tem muita gente que não quer ver mesmo.

 

#   #   #

 

Não basta acharmos que somos pessoas boas (“de bem” ou “do bem”), é preciso que, efetivamente, nos esforcemos para sermos bons porque, na real, no fundo nós não passamos de uns merdinhas presunçosos, viciados em manchetes jornalísticas espetaculosas e vídeos apelativos e, como todos nós sabemos, não se edifica nada que seja duradouro, e que tenha algum valor, com base nisso que, no frigir dos ovos, não passa de um monte fofoquinhas de esquina, travestidas com uma roupagem toda moderninha. Só isso e olhe lá.

 

#   #   #

 

Quem não compreende a importância de se ter, na algibeira, uma série de objetivos para serem realizados em médio e longo prazo, organizados a partir de uma agenda flexível, adaptável frente às contingências que a realidade nos apresenta, com o perdão da palavra, esse tipo de cidadão não tem a menor ideia do que vem a ser uma estratégia, apesar de usar a referida palavra o tempo todo, feito um idiota útil, ou tal qual um pateta pra lá de inútil, que presume conhecer muito bem as sutilezas e complexidades do jogo do poder quando, na verdade, não entende nem mesmo a dinâmica sutil de uma partida de dominó.

 

Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela

https://sites.google.com/view/zanela

 

Inscreva-se [aqui] para receber nossas notificações.



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

FRAGMENTOS DE UM DIÁRIO HETERODOXO #009

Todo orgulhoso se borra de medo da imagem das suas incontáveis imperfeições.   #   Onde não há preferência sincera, há indiferença cínica.   #   Tudo termina tragicamente quando a paciência finda melancolicamente.   #   O impulso de querer racionalizar tudo é o maior inimigo da racionalidade e do bom senso.   #   A verdadeira história da consciência individual começa com a confissão da primeira mentira contada por nós para nós mesmos.   #   Frequentemente somos firmes por pura fraqueza e audaciosos por mera teimosia.   #   Podemos usar as novas tecnologias para sermos reduzidos a uma escravidão abjeta, ou nos servirmos delas para lutarmos para preservar a nossa liberdade interior e a nossa sanidade.   *   Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela - professor, escrevinhador e bebedor de café. Autor de “REFAZENDO AS ASAS DE ÍCARO”, entre outros livros. https://l...

FRAGMENTOS DE UM DIÁRIO HETERODOXO #011

A vida sem momentos de recolhimento e silêncio é um convite a uma sucessão de erros.   #   Concentremo-nos no resultado que almejamos atingir, não na desculpa que iremos apresentar caso fracassemos.   #   É mais importante administrar acordos do que ficar tentando nos concentrar na criação de mecanismos para controlar as pessoas.   #   Todo escritor, ou escrevinhador, que quiser namorar a crônica deve ter o coração aberto para amar os momentos fugidios e saber amá-los.   #   Só os histéricos estão faceiros da vida na atual conjuntura em que nos encontramos.   #   Falemos apenas o necessário e o façamos apenas quando, realmente, a nossa fala for indispensável.   #   Lembremos desse velho ensinamento estoico: o que impede a ação pode sempre favorecer a ação, que aquilo que fica no meio do nosso caminho pode tornar-se o nosso caminho.   *   Escrevinhado por Dartagna...

O ABACAXI ESTÁ EM NOSSAS MÃOS

Dia desses, eu estava folheando um velho caderno de anotações, relendo alguns apontamentos feitos há muito tempo, e entre uns rabiscos aqui e uns borrões acolá, eis que me deparo com algumas observações sobre o ensaio "La misión pedagógica de José Ortega y Gasset", de Robert Corrigan. Corrigan faz algumas considerações não a respeito da obra do grande filósofo espanhol, mas sim sobre o professor Ortega y Gasset e sua forma de encarar a vocação professoral. O autor de "La rebelión de las masas" via sua atuação junto à imprensa como uma continuação de suas atividades educacionais, onde apresentava suas ideias, marcava posição frente a temas contemporâneos e, é claro, embrenhava-se em inúmeros entreveros. Ele afirmava que, para realizarmos com maestria a vocação professoral, é necessário que tenhamos nosso coração inclinado para um certo sacrifício heroico, para que se possa realizar algo maior do que nós mesmos: o ato de levar a luz do saber para os corações que se ve...