Pular para o conteúdo principal

PIOR QUE CRACA PRESA NO CHINELO

Os demônios, como todos nós sabemos, nos fazem de besta levando-nos a crer que somos muito espertos, muito inteligentes, muito críticos e por aí segue o andor, tendo em vista que o pecado que eles mais apreciam é a dita cuja da vaidade.

 

E como nos envaidecemos com nosso conhecimento ralo sobre meia dúzia de coisinhas. Como somos arrogantes com nossos diplomas, títulos e carreira. Meu Pai do céu! Quem nunca caiu nessa tentação que atire o primeiro capelo.

 

Todo santo dia corremos o risco de resvalar na ladeira da soberba e, se imaginamos que não corremos esse risco é porque, bem possivelmente, estamos lambuzados dos pés à cabeça com essa bagaça.

 

Porém, tal envaidecimento com a nossa suposta esperteza, com nossa hipotética criticidade, não é uma exclusividade para aqueles que se ufanam de serem detentores de títulos e diplomas. Nada disso “mermão”.

 

Se tem um trem que é distribuído democraticamente nesse mundão sem porteira, para toda a humanidade, é esse trem fuçado chamado vaidade.

 

Quantas e quantas vezes nos deparamos com pessoas que informam-se basicamente por meio daquilo que chega até elas através dos telejornais e, com base nisso, acreditam, tola e soberbamente, que estão sendo tremendamente realistas diante da vida, que estão espantosamente atualizadas, a par de tudo o que realmente é significativo para a vida e, é claro, julgam-se ser extraordinariamente lúcidas simplesmente porque são capazes de repetir as mesmíssimas coisas que viram na véspera em um telejornal de sua predileção, com a mesmíssima entonação de voz do apresentador do dito cujo.

 

Detalhe importante: o sujeito faz isso, mecanicamente, de modo servil, sem ter parado para refletir nem por um minuto que fosse a respeito do que está repetindo para os outros e o faz, acreditando que está expressando a sua “opinião crítica” sobre os fatos.

 

O mesmo vale para a repetição simiesca de tudo aquilo que chega até nós através das redes sociais e grupos virtuais, porque o problema não está, especificamente, com os diplomas, telejornais, jornais, redes sociais e tudo mais que venha a se assemelhar a isso tudo. Nada disso. A encrenca está nessa vaidade que não nos deixa e que nós não queremos largar.

 

Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela

https://sites.google.com/view/zanela

 

Inscreva-se [aqui] para receber nossas notificações.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

MUITO ALÉM DA CRETINICE DIGITAL

Desconfio sempre de pessoas muito entusiasmadas, da mesma forma que não levo a sério os alarmistas, que fazem uma canja rançosa com qualquer pé de galinha.   Bem, esse não é o caso de Michel Desmurget, doutor em neurociência e autor do livro “A fábrica de cretinos digitais”. Aliás, um baita livro.   No meu entender, essa deveria ser uma leitura obrigatória para pais, professores e, principalmente, para os burocratas e políticos que não se cansam de inventar traquitanas que, hipoteticamente, melhorariam a qualidade da educação.   Não duvido que políticos e burocratas, que se empolgam com toda ordem modismos, estejam cheios de boníssimas intenções, não mesmo. O problema, como todos nós sabemos, é que o inferno está cheio delas.   Enfim, em resumidas contas, a obra de Desmurget nos apresenta estudos, dados, fatos e evidências que demonstram o quão lesivo é para a formação das nossas crianças a exposição precoce e desmedida às telas, da mesma forma que desmitifica inúmer...

UMA ARMADILHA OCULTA EM NOSSO CORAÇÃO

Somos movidos pelo desejo, não temos para onde correr. E esse é um problema que todos nós temos que enfrentar, no íntimo do nosso coração, com as parcas forças do nosso ser.   Diante desse entrevero, Siddhartha Gautama diria que bastaria abdicarmos deles para os problemas se escafederem. Nas suas palavras, desejos seriam como pedras: quanto mais desejamos, mais pesada torna-se a vida.   E ele, em grande medida, está coberto de razão. O ponto é que essa não é uma tarefa tão simples assim. Na verdade, é uma tarefa hercúlea porque, o desejo, não é um mero adereço que usamos e descartamos quando nos dá na ventana. Nada disso.   Ele ocupa um lugar central em nossa vida e, por isso, todos nós temos em nosso âmago um vazio que apenas o absoluto pode preencher. Vazio esse que nos torna um ser sedento por ser. O problema é que não sabemos como fazer isso, nem por onde começar.   Segundo René Girard, o desejo não se manifesta em nós de maneira direta, mas sim, de forma triangu...

UM CASTELO DE CARTAS PÚTRIDAS

Somos uma sociedade espiritualmente adoecida. Aos olhos de qualquer bom observador, isso é algo evidente; mas, infelizmente, devido ao turbilhão de informações de importância questionável, que nos prende junto à poeira da superficialidade, acabamos por não dar a devida importância a esse fato.   Um dos traços desse adoecimento é a grande confusão de valores que invadiu a alma contemporânea, turvando de forma atávica a percepção dos indivíduos e pervertendo o senso das proporções que, como todos sabemos, é a base do discernimento, é a coluna de sustentação da consciência.   Se o amigo leitor, juntamente com seus alfarrábios, acredita que estou tomado por um delírio de ocasião, vejamos alguns dados que, penso eu, podem ilustrar melhor os efeitos que isso tem em nosso campo de percepção.   Segundo o Sistema de Avaliação da Educação Básica de 2019, 95% dos alunos concluíram o Ensino Médio sem um conhecimento adequado de matemática e 69% sem o nível esperado em língua portugue...