Quando tudo passa a ser permitido,
nosso coração torna-se miseravelmente permissivo.
# # #
Nós temos o dever de nos esforçar para
explicar aquilo que sabemos da forma mais clara possível, mas não temos a
obrigação de mover mundos e fundos para convencer aqueles que não querem
entender patavina alguma.
# # #
Nós, brasileiros, somos um tipo humano
muito gozado. Somos capazes de dizer as coisas mais horríveis a respeito de
fatos e pessoas que desconhecemos totalmente e, fazemos isso, com aquela
indignação digna de um profeta do Antigo Testamento, como se o mar Vermelho
fosse se dividir ao meio após nós termos aberto nossa boca [nada] santa. Um
trem lindo, lindo nada, triste da gente ver. Agora, se alguém tem a petulância
de corrigir, mesmo que gentilmente, esse nosso jeito torto, meio morno, de
condenar tudo e todos, do alto de nosso hipócrita Olimpo umbilical, ficamos pau
da vida, cuspindo marimbondos para todos os cantos, pois, como dissimulados que
somos, por pequenez e avareza, a verdade sempre nos dói, profundamente, mais do
que dor de dente. Mais que isso, nos ofende profundamente.
# # #
As coisas mais fascinantes deste mundo
não podem ser vistas com os olhos da cara, nem sentidas com o toque da pele,
esteja ela arrepiada ou não; elas podem apenas ser vividas por almas
embevecidas com o élan da vida e inebriadas com a força do amor.
# # #
Todo homem sincero, talentoso ou não,
se vê, todo dia, pelejando contra o óbvio, batendo de frente contra a
mediocridade que impera em seu coração demasiadamente humano, tentando firmar
seu passo claudicante no tortuoso carreiro que nos leva até o altar da verdade.
# # #
Todo cafajeste que se preze, precisa
ter em seu coração, tão seboso quanto peludo, uma ideologia, de preferência
totalitária, nervosa, para justificar suas cafajestagens e, é claro, para
anestesiar sua minguada consciência. Anestesiá-la para que ele se sinta
totalmente à vontade, isento de culpa, liberto de toda e qualquer responsabilidade
frente às suas malandragens militantes e barbaridades engajadas. E quem nunca
fez isso, em sua porca vida, que atire o primeiro manifesto. Canalhas.
# # #
Nas tertúlias políticas,
frequentemente nos deparamos com um troço mais ou menos assim: duas pessoas que
visceralmente se detestam, por acaso, descobrem que odeiam a mesma pessoa com a
mesmíssima intensidade e aí, do nada, elas engolem todas as suas execrações
mútuas e passam a dizer que sempre se estimaram muito, apesar de todos terem
sempre tido a impressão [equivocada] do contrário.
Escrevinhado
por Dartagnan da Silva Zanela
https://sites.google.com/view/zanela
Inscreva-se [aqui] para receber nossas notificações.
Comentários
Postar um comentário