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DIÁRIO DE INSIGNIFICÂNCIAS E INCONGRUÊNCIAS (p. 01)


Quando tudo passa a ser permitido, nosso coração torna-se miseravelmente permissivo.

 

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Nós temos o dever de nos esforçar para explicar aquilo que sabemos da forma mais clara possível, mas não temos a obrigação de mover mundos e fundos para convencer aqueles que não querem entender patavina alguma.

 

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Nós, brasileiros, somos um tipo humano muito gozado. Somos capazes de dizer as coisas mais horríveis a respeito de fatos e pessoas que desconhecemos totalmente e, fazemos isso, com aquela indignação digna de um profeta do Antigo Testamento, como se o mar Vermelho fosse se dividir ao meio após nós termos aberto nossa boca [nada] santa. Um trem lindo, lindo nada, triste da gente ver. Agora, se alguém tem a petulância de corrigir, mesmo que gentilmente, esse nosso jeito torto, meio morno, de condenar tudo e todos, do alto de nosso hipócrita Olimpo umbilical, ficamos pau da vida, cuspindo marimbondos para todos os cantos, pois, como dissimulados que somos, por pequenez e avareza, a verdade sempre nos dói, profundamente, mais do que dor de dente. Mais que isso, nos ofende profundamente.

 

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As coisas mais fascinantes deste mundo não podem ser vistas com os olhos da cara, nem sentidas com o toque da pele, esteja ela arrepiada ou não; elas podem apenas ser vividas por almas embevecidas com o élan da vida e inebriadas com a força do amor.

 

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Todo homem sincero, talentoso ou não, se vê, todo dia, pelejando contra o óbvio, batendo de frente contra a mediocridade que impera em seu coração demasiadamente humano, tentando firmar seu passo claudicante no tortuoso carreiro que nos leva até o altar da verdade.

 

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Todo cafajeste que se preze, precisa ter em seu coração, tão seboso quanto peludo, uma ideologia, de preferência totalitária, nervosa, para justificar suas cafajestagens e, é claro, para anestesiar sua minguada consciência. Anestesiá-la para que ele se sinta totalmente à vontade, isento de culpa, liberto de toda e qualquer responsabilidade frente às suas malandragens militantes e barbaridades engajadas. E quem nunca fez isso, em sua porca vida, que atire o primeiro manifesto. Canalhas.

 

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Nas tertúlias políticas, frequentemente nos deparamos com um troço mais ou menos assim: duas pessoas que visceralmente se detestam, por acaso, descobrem que odeiam a mesma pessoa com a mesmíssima intensidade e aí, do nada, elas engolem todas as suas execrações mútuas e passam a dizer que sempre se estimaram muito, apesar de todos terem sempre tido a impressão [equivocada] do contrário.

 

Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela

https://sites.google.com/view/zanela

 

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