Se algo ganha algum destaque na mídia, seja na velha ou na nova mídia, isso não significa, de jeito maneira, que essa tranqueira seja algo atual. Significa apenas e tão somente que um bando de cínicos quer porque quer sequestrar a nossa atenção para, desse modo, agrilhoar a nossa inteligência e degradar a nossa claudicante personalidade.
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A base da inteligência encontra-se na nossa capacidade de prestar atenção e, é claro, na forma como nós exercitamos essa potencialidade. Quanto mais exercitamos esse trem, mais sólida é a base para o desenvolvimento de nosso poder de apreensão e compreensão. Quanto menos exercitamos esse troço, mais nós achamos que temos um tremendo poder de compreensão e apreensão sem tê-lo. E, por essa e por outras, que essa mania de devorar notícias compulsivamente, em misto com um consumo obsessivo de entretenimentos mil, de valor duvidoso, literalmente arromba a inteligência de qualquer um. De qualquer um.
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É muito importante cultivarmos um cadinho de ceticismo, principalmente quando o assunto é a nossa classe política. Não apenas eles são dignos de nossa incredulidade, mas, por razões óbvias, principalmente eles. Não somente isso. É de fundamental importância que guardemos uma boa dose de desconfiança em relação àqueles que depositamos uma grande dose de credibilidade para, no frigir dos ovos, não sermos mais ludibriados do que já somos.
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Apoiar uma pessoa, seja politicamente ou noutras circunstâncias, não significa, de jeito maneira, que devemos assinar embaixo de tudo aquilo que essa pessoa faz e, muito menos, concordar com tudo que esse fulano declara. Nada disso. Apoiar alguém na realização de alguma coisa é, antes de qualquer coisa, reconhecer os erros que o merecedor de nosso voto de confiança realiza e, jamais esquecer, que ele é uma pessoa e, enquanto tal, tão cheia de defeitos e limitações quanto nós o somos. Ignorar isso, além de ser uma atitude estúpida, é algo muitíssimo arriscado. Muito mesmo. Basta que voltemos os nossos olhos para os regimes, movimentos e partidos políticos de orientação e inspiração marxista que, invariavelmente, idolatram seus líderes, para vermos o quão abjeto e perigoso é adorarmos alguém que é apresentado com o símbolo de um partido político totalitário, ou de algo que o valha.
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Não há nada de errado em discordarmos de uma pessoa e, mesmo assim, continuarmos querendo o bem do senhor “cabeça dura”. Lembremos, sempre, desta obviedade ululante: muitas vezes fazemos e dizemos coisas que não apreciamos e, nem por isso, nos tornamos uma pessoa abjeta e não movemos mundos e fundos para cancelar a nossa própria existência. Trocando em miúdos: meçamos a nós mesmos com a mesma trena que medimos os outros, especialmente com a trena que medimos os nossos desafetos.
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A vida, toda ela, é cheia de contradições. Contradições materiais, formais, lógicas, de todos os tipos e naipes. Sim, isso é uma porcaria, não há dúvida alguma com relação a isso, mas a vida, feliz ou infelizmente, é assim mesmo. Saber lidar com elas, com as ditas contradições, e, principalmente, compreendê-las, é sinal não apenas de maturidade, mas também de humanidade e de generosidade para com o próximo. Agora, ficar exigindo, de todos e de tudo, uma irrepreensível coerência em todos os meandros e facetas da vida, é uma clara demonstração não apenas de falta de bom-senso, mas também e principalmente, de um profundo desconhecimento de si.
Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela
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