A
disciplina, ao contrário do que muitos afirmam, não é um trem fuçado imposto
por um misantropo autoritário que sente um prazer sádico em ver os outros,
especialmente jovens e infantes, tendo de realizar tarefas e atividades que
lhes causam desconforto e enfado. Nada disso. Disciplina é um poder que se
conquista, a duras penas e sem lesco-lesco, que faz toda a diferença na
edificação de uma sólida personalidade. Ela é, sem sombra de dúvida, uma
ferramenta indispensável para que possamos realmente ser livres e,
principalmente, uma arma insubstituível para nos defender de todos aqueles que
insistentemente querem usurpar nossa liberdade e mutilar nossa alma.
*
Não
existe liberdade sem autocontrole. Um sujeito que se considera uma pessoa
plenamente livre só porque age de forma displicente e desregrada é similar a um
indivíduo que se diz abstêmio, que jura de pés juntos que não toma nem mesmo
uma gota de cana, mas que não larga o seu cachorro engarrafado por nada desse
mundo. Por isso, repito o dito de outro modo: sem autodomínio somos apenas
escravos. Escravos dos nossos caprichos, dos nossos vícios e, principalmente,
daqueles que sabem manipular essas nossas fraquezas para nos subjugar.
*
A
indisciplina e a displicência, vendidas como sinônimo de autodeterminação e de
fodereza, é algo que corrompe e degrada profundamente o caráter de uma pessoa,
reduzindo-a a um mero joguete dos seus caprichos descontrolados. Tal perversão
é algo tão danoso, tão perigoso quanto a cocaína e o crack. Só não vê isso quem
está subjugado por essa pérfida ilusão.
*
Muito,
mas muito mais importante que instigar os jovens e infantes a terem,
prematuramente, uma opinião [de]formada sobre tudo, para poderem se sentir
membros da panelinha daqueles que se consideram pessoas “criticamente
descoladas”, é impeli-los a aprenderem a se autogovernar, a serem dignos,
prestativos e a agirem com um mínimo de bom-senso para, desse modo, poderem
aprender de tudo um pouco com zelo e disciplina e, com o tempo, possam
compreender alguma coisa com um mínimo razoabilidade porque, admita-se ou não,
opinião sobre tudo, a respeito de toda e qualquer coisa, qualquer idiota é
capaz de ter, mas poucos estão realmente dispostos a esforçar-se abnegadamente
para conhecer algo com alguma propriedade. Poucos mesmo.
Escrevinhado
por Dartagnan da Silva Zanela
Nosso site: https://sites.google.com/view/zanela
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