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AMARELADAS CARTAS DO AZERBAIJÃO

O amigo leitor, imagino eu, já deve ter lido o livro “Cartas Chilenas”. Se não o fez, ao menos deve ter ouvido falar do referido livro, onde o autor, Tomás Antônio Gonzaga, de forma satírica, tecia incontáveis críticas à situação que imperava na amada Minas Gerais do século XVIII.   As treze cartas, que compõem a obra, eram assinadas com o pseudônimo de Critilo e eram endereçadas ao seu amigo Doroteu, pseudônimo de Cláudio Manuel da Costa.   Critilo, supostamente, residia no Chile, na cidade de Santiago, e não economiza na ironia para sentar a ripa num tal de Fanfarrão Minésio, que seria o suposto Governador da Capitania Geral do Chile.   Porém, todavia e entretanto, as críticas não eram ao suposto governador do Chile, mas sim, à corrupção do governador da Capitania de Minas Gerais, o senhor Luís da Cunha Meneses.   Para contornar o despotismo e a censura que imperavam naqueles idos, e não terminar vendo o sol nascer quadrado e, em seguida, ver-se pendurado na forca, o grande poeta rec

QUANDO AS FLORES DO JAZIGO MURCHAREM

Todos os países que adotam o tal do regime democrático, sem exceção, apresentam uma e outra imperfeição e, por essa razão, nos países onde de fato há democracia, a crítica a mesma se faz necessária para que possa-se identificar as suas possíveis deficiências e, mediante debates honestos, podermos procurar caminhos para corrigi-las, pois, é importante nunca esquecermos que a democracia é um ideal áureo, mas nós, seres humaninhos, somos uma triste figura.   Por isso, a crítica justa, e até mesmo a injusta, acabam sendo sempre ferramentas imprescindíveis, não apenas para aperfeiçoarmos os mecanismos políticos e sociais da sociedade, mas também, para que possamos nos aprimorar como cidadãos.   Aliás, um cidadão que acredita estar acima de toda e qualquer crítica, provavelmente, quando meteu o dedo na jarra da vaidade, deve ter se lambuzado dos pés à cabeça, não é mesmo? Claro que é. Da mesma forma que uma figura, que acredita que seus atos estão acima e além de qualquer correção, possivelm

BODAS DE OPALA

Foi numa conversa despretensiosa, Regada a cerveja e gargalhadas, Nas primícias do mês de março, No raiar do milênio terceiro que   Nossas mãos se tocaram enquanto Nossos castanhos olhos se cruzavam Para que nossas acanhadas almas Se aproximassem, sem medo,   Pela primeira vez. Pois é, foi numa noite de março, Quente como nos dias de hoje, Que a vinte e quatro anos passados,   Iniciamos nossa linda caminhada Ritmada no pulsar das mãos dadas Das nossas vidas entrelaçadas Pelas linhas da vida e do amor.   Te amo minha amada. (02/III/2024)

REFLEXÕES E APONTAMENTOS INOPORTUNOS (p. 02)

Deus fala conosco o tempo todo; mas apenas aqueles que, humildemente, abaixam as soberbas orelhas, são capazes de ouvir e acatar os seus conselhos.   #   #   #   Se o cálice do nosso coração está cheinho, transbordando com os licores do mundo, não tem como Deus enchê-lo com o bálsamo necessário para tratar das dolorosas feridas da nossa alma.   #   #   #   É necessário matar algo em nós, para que possamos verdadeiramente viver.   #   #   #   Aquele que aprender o processo alquímico de transformar as angústias e padecimentos em gestos de amor a Deus e ao próximo, terá aprendido o segredo da felicidade.   #   #   #   Não há valor em uma vitória que não exige nenhum sacrifício de nossa parte.  Não existe glória alguma onde não nos entregamos de forma abnegada ao bom combate.   #   #   #   Não confundamos tolerância com cumplicidade. Uma coisa não tem nada que ver com a outra.   #   #   #   Nossos fracassos não podem ser encarados como o certificado de nossa incapacidade porque, se olharmo

QUANDO O CALCANHAR DE AQUILES APERTA

Não existe nada que possa vir a ter um senhorio maior que aquele que está reservado à verdade, conforme é-nos ensinado pelos “Upanixades” hindus. Nada pode ser colocado para assentar-se em seu trono, sem que corramos o risco de mutilar as faculdades mais elevadas da pobrezinha da nossa alma.   Naturalmente, o conhecimento de qualquer verdade, por mais pequenina que seja, sempre implica numa série de problemas que irão demandar uma atitude de prontidão para que, com atenção e constância, possamos chegar a uma resolução minimamente razoável e, é claro, provisória, porque a verdade é eterna e, nossa presença neste mundo, meramente efêmera.   Como nos ensina Santo Tomás de Aquino, e muitos outros figurões de envergadura similar, se o conhecimento da verdade é filho do tempo, temos que dar tempo para que nossa ignorância possa ser vencida pela persistente procura pelo dito-cujo do esclarecimento. Se não fizermos isso, nossa inteligência será nocauteada pelos preguiçosos punhos da nossa igno

REFLEXÕES E APONTAMENTOS INOPORTUNOS (p. 01)

Os donos do poder até podem, devido a sua leviandade congênita, se dar ao desfrute de dizer que não sabem o que estão fazendo; já o homem comum não pode, de modo algum, dar-se a esse “luxo”, tendo em vista que terá, cedo ou tarde, que arcar com as consequências das decisões insensatas que foram tomadas pelos poderosos ditos-cujos, com o infeliz consentimento de todos aqueles que integram a massa insensata.   #   #   #   O conhecimento não é suficiente para fazermos algo bom, com toda certeza; mas, nada de bom pode ser feito sem que tenhamos, ao menos, um cadinho de conhecimento. Quanto a isso, creio que não existe a menor dúvida. Por isso, é de fundamental importância, que jamais esqueçamos que a ignorância não é, e nunca será, remédio para nenhum problema. Nem a ignorância e, muito menos, a dita-cuja da preguiça.   #   #   #   Em um ano eleitoral, todo mundo, sem exceção, em algum momento, votou no cara errado, mesmo que não admita; e votou nele crente de que havia escolhido a pessoa

A LUZ DO LUAR SOBRE OS CEMITÉRIOS ESQUECIDOS

Mário Souto Maior é o autor do “Dicionário do Palavrão e termos afins”, onde o mesmo reuniu, nada mais, nada menos, que três mil insultos que fazem parte da língua portuguesa, cujo imperador, segundo Fernando Pessoa, é o grande Padre Antônio Vieira.   Se o amigo leitor nunca consultou a referida obra, sugiro que o faça para, quem sabe, poder enriquecer mais o seu vocabulário com aquelas pérolas que não são assim tão preciosas.   Sim, eu sei, todo mundo sabe, não é de bom alvitre proferir impropérios, porém, há ocasiões em que essas são as únicas palavras que verdadeiramente podem ser ditas para expressar com clareza o que estamos sentindo.   Aliás, como certa feita havia dito Millôr Fernandes, todo mundo tem o sacrossanto direito ao “phoda-se”, pois é preferível dizer cobras e lagartos num momento de indignação do que ficar guardando potes e mais potes de fel e rancor no coração, para alimentar mesquinhas vinganças e outras coisinhas insalubres semelhantes.   Todavia, é importante lemb