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O ENXAME

  Edmund Burke dizia, de modo lacônico, que os jornais seriam o quarto Estado. E ele tinha toda razão ao afirmar isso. Aliás, podemos dizer que tal observação é de conhecimento comum nos dias de hoje. Todos sabemos disso e, não é à toa que os grandes conglomerados de mídia ficaram passados, e continuam bem preocupados, com a perda do controle que eles tinham do seu, como direi, “feudo informacional" com o advento das mídias digitais.   Doutra parte, Napoleão Bonaparte, a partir da gélida atmosfera da sua mente de estrategista, afirmava que quatro jornais hostis seriam mais temíveis que mil baionetas. Ele sabia muito bem que o controle do fluxo de informação era, e continua sendo, uma peça de artilharia política poderosíssima e, por isso, procurava fazer o que todo tirano mais ama fazer: controlar o fluxo e o refluxo das informações que, em português bem claro, não passa de censura pura e simples, mas que, atualmente, em meios mais engajados e sofisticados, passou a ser chamado d

TRUCO PAPUDO

Muita gente, entendida e diplomada, gosta de se apresentar como sendo um profundo conhecedor da alma humana, da sua alma e da alma alheia, mas, na real, na grande maioria dos casos essa gente, que se considera tão entendida, com suas plumas de presunção e paetês de vaidade, não sabe o que diz. Infelizmente não.   Na verdade, bem na verdade, os grandes conhecedores da alma humana, com suas nuanças e variáveis, com seus altos e baixos, são os jogadores de pôquer. Os jogadores de truco, cacheta e dominó também conhecem bem esse riscado.   Numa partida, de qualquer uma dessas tranqueiras, um bom jogador chega ao melhor e ao pior de si, indo da euforia até ao ódio puro e decantado. Pior! Esses caboclos são capazes de fazer isso como se nada estivesse acontecendo, com uma indiferença digna de uma deidade olimpiana.   Tais considerações rabiscadas pela minha pena não são, de modo algum, uma observação meramente colhida a esmo. Nada disso. Há nos apreciadores desses jogos uma certa

NO GALOPE DO CAVALO DO VELHO SAMURAI

A relação que estabelecemos entre as palavras que utilizamos, mal e porcamente, frente às realidades que se apresentam diante das nossas vistas, seria semelhante, não igual, à relação que se estabelece entre um ácido e uma chapa de metal, como bem nos aponta o escritor japonês Yukio Mishima, em seu livro “Sol e Aço”.   De certa forma, as palavras, como os ácidos, corroem a realidade, reduzindo-a a abstrações, para que estas integrem a nossa mente, nosso imaginário e memória, para que possamos matutar a respeito das coisas, coisinhas e coisonas que essas abstrações se referem.   A encrenca toda começa - porque nessas paradas sempre há algumas encrencas - quando as próprias palavras começam a se corroer, com o tempo e com o mau uso feito delas, frente aos fatos e fenômenos e, com isso, acabam perdendo a sua capacidade de solver a realidade e, em muitos casos, as palavras, devido a essa deformação, acabam por tomar o lugar do real em nossa cabeça o que, também, como nos adverte Yukio Mish

A EDUCAÇÃO SEGUNDO A MALANDRAGEM

Olá caríssimo! Meu nome é Arsênico [sem dores, nem prazeres], e venho apresentar para vocês uma visão revolucionária sobre essa tal de educação que, com toda certeza, irá gerar um randevu em suas cumbucas, da mesma forma que causou na minha moringa.   Durante séculos, todos aqueles que procuraram se dedicar ao ato de educar, tinham claro em seus horizontes que o que se deveria primar era pela formação de pessoas retas, dignas e capazes. Mas hoje, não mais. A parada, agora, é diferenciada. O esquema do momento é preparar todo mundo para a virtude [transviada] da malandragem que instiga, de forma sutil, mancebos e adultos dessa terra, onde o fracasso subiu à cabeça, a aprenderem a apreciar a vida vivida no desvio e a se sentirem verdadeiros “protagonistas” por estarem nessa vibe de outro mundo.   E o que é mais importante! Dá menos trabalho e o resultado é “realmente” mais efetivo do que toda aquela quinquilharia antiquada de querer ficar com essa firula de formar as tenras almas com as

O MOMENTO TREMENDO

    É comum ouvirmos muitas pessoas dizerem que ter fé seria tão só e simplesmente acreditar em algo que não se vê. Tal afirmação, de tão repetida que é que, muitas vezes, de forma incauta, nós também acabamos dizendo isso para nós mesmos e para os nossos. Porém, porque realmente há um baita porém nessa história toda, fé nunca foi, não é e jamais será um trem assim. Na verdade, o nome disso seria credulidade.   Para começo de prosa, vamos dar uma olhadela na etimologia da palavra fé que, por sua deixa, vem do latim – sempre do famigerado latim – FIDES, que quer dizer: fidelidade, lealdade, honestidade, crédito, confiança. É, mas não significa, originariamente, crer em algo que não se pode ver, que não apresenta evidência alguma, que não se pode demonstrar, nem provar.   Saindo da etimologia da palavra, que por si só, já estoura essa visão equivocada que frequentemente vemos sendo dita aos quatro ventos, e repetida por nós em nosso íntimo, podemos ir dar um passeio pelo Antigo Testame

A NAU DE SÃO PEDRO DIANTE DE CILA E CARÍBDIS

A Igreja está em crise. Sim, sejamos nós um católico dedicado ou relaxado, um catolicão ou um catolibã, sejamos um católico raiz ou jujuba, tradicionalista, convencional ou revolucionário da teologia da libertação, todos já ouvimos esse papo brabo de que a nau de São Pedro está naufragando e, cada um do seu jeito, acaba reagindo a essa conversa de fundo de sacristia de acordo com a maneira como vivencia a sua fé.   Mas a Igreja Católica Apostólica Romana está em crise? Bem, essa é uma daquelas perguntas que podemos responder ao estilo Caetano Veloso: nem sim, nem não, muito pelo contrário. Eita! Agora lascou-se tudo. Nem tanto, mestre, nem tanto. Mas, mesmo assim, sigamos a máxima de Jacke e vamos por partes: dos miúdos até a paleta.   Sim, a Igreja está em crise e, desculpe informar, não é de agora. Na verdade, essa é uma notícia tão velha quanto andar pra frente, porque ela, a Santa Madre Igreja, nasceu em meio a uma tremenda crise.   Não nos esqueçamos que Nosso Senhor Jesus Crist

QUASE UM SONETO - PARA MINHA AMADA

  Os anos passam... Ah! eles voam... Voam feito andorinhas que procuram Agitadas o calor dos dias de verão Que, um dia, cedo ou tarde, virão. O tempo não para, segue viagem, E nós com ele vamos vivendo Um dia de cada vez, sem paragem, As delícias regaladas por cada momento. E esses anos que até aqui tenho vivido, Benza à Deus, com muitíssimos sorrisos, Tem como fonte de inigualáveis regozijos A linda morena de olhar amendoado Que todo santo dia, nublado ou ensolarado Faz-me ser da terra o homem mais apaixonado. Dartagnan da Silva Zanela 12 de junho de 2022.